A República Abençoada de São Gonçalo
Considerações sobre o crescimento do fundamentalismo religioso na Região Metropolitana do Rio de Janeiro no início do Século XXI.
Por Maurício Mendes de Oliveirai
Introdução:
A liberdade de credo enquanto afirmação do estado democrático de direitos De acordo com dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) durante o censo de 2010, a atual religiosidade dos brasileiros se distribui da seguinte forma: católicos apostólicos romanos 73,6 %;evangélicos ( ou protestantes) 15,4%;espíritas (kardecistas,umbandistas,candomblecistas e outras crenças “populares”) 1,6%;sem religião,7,4% e outras (religiões menores,agnósticos,ateus,etc.) 1,8%ii.Esses dados revelam que o catolicismo romano ainda é a religião predominante, a despeito do veloz e intenso crescimento do protestantismo (sobretudo das correntes neo-pentecostais) nos últimos trinta(30) anos.Apesar de corresponder a 15,4% dos fiéis brasileiros( englobando diversas denominações),o protestantismo vem emergindo bem mais do que o novo segmento religioso,e sim,como uma segmento político cada vez mais influente.Não que a Igreja Católica deixe ainda de influir nos destinos do pais,mas o seu projeto pastoral se construiu de acordo com a dinâmica colonialiii. Para se ter uma idéia da emergente força política dessas denominações, importantes lideranças políticas como Antony Garotinho (deputado federal) e Marcelo Crivella (senador da república), não se fazem de rogados de declarar publicamente a sua fé no evangelho e associá-lo aos seus projetos políticos, ou seja, as políticas públicas que vão do “restaurante popular” até o “cheque cidadão”, são anunciadas com leves pitadas de citações bíblicas. Ao reboque desses parlamentares - e outros de menor prestígio-, lideranças comunitárias e um número cada vez maior de militantes vêm reproduzindo uma perigosa simbiose entre política e religião, que abre a possibilidade para a contestação