A representação social do Nordeste na fábula de Adriana Falcão
Milene Maria Santos Teixeira2
Conceber uma fábula é um horizonte de sonhos e de surpresas. Um mar de cores compactuando com as emoções. O livro de Adriana Falcão é uma experiência única e agradável sobre a felicidade de encontrarmos ecos dissipados no mundo de nossos sonhos e desejos, como se o universo conspirasse ”todinho” a favor deles.
O livro “A máquina” se desenvolve em uma atmosfera de irrealidade, de distanciamento do mundo verdadeiro, más, sempre de forma cuidadosa e encantadora. Trazendo umalinguagem maravilhosamente regionalista, a narração é poética e emocionante, sem abandonar em nenhum instante a riqueza gramatical particular e peculiar ao Nordeste brasileiro. Por vezes há um disparar de palavras, uma conjunção de beleza e saber, tecendo um panorama lírico. Essa história sobre o tempo e o amor, não é mais que uma história contada em moldes originais em um contexto onírico onde tudo pode acontecer.
Trata-se de uma fábula doce e poéticacujo cenário é Nordestina, cidadezinha perdida no sertão, Um lugar onde ninguém mais quer ficar, seus habitantes vão aos poucos, um a um, deixando a cidade em busca do “mundo".É onde vive "Antônio de Dona Nazaré", o caçula de uma prole de 13 irmãos homens.Antônio é o único a não querer abandonar a cidade e ir embora com a ilusão de que vai conseguir uma vida melhor. Segundo Antônio, só existem três tipos de pessoas em Nordestina, as que foram embora, as que querem ir embora e ele, Antônio, que ama Nordestina, porque para Antônio, Nordestina tem algo que nenhuma outra cidade poderia lhe oferecer: sua amada Karina, "Karina da rua de baixo". O problema é que Karina faz parte do segundo grupo, ogrupo dos que sonham em ir embora, “....mesmo que não seja de seu querer deixar Antônio”, ela deseja fugir da vida restrita que Nordestina lhe oferece e sonha em ser atriz e conhecer o mundo. Poremainda mais forte do que o desejo de Karina em partir é o desejo de