A RENOVAÇÃO DAS DISCIPLINAS E A CLASSIFICAÇÃO DO SABER
Desde o início, nas escolas da Idade Média não havia outro saber além de baseados em textos, textos básicos ou “autoridades” cujo conteúdo fornecia toda a matéria, ao menos inicial do ensino.
As “autoridades” eram numerosas e podiam ser combinadas ou recortadas entre si. Tratava-se do texto sagrado por excelência, a Bíblia, completada por comentários dos Doutores da Igreja, por outro lado, obras dos sábios e dos filósofos antigos. Esses sábios, na verdade, eram pagãos, mas se admitia, desde Santo Agostinho que eles possuíam, apesar de tudo, uma grande parte de verdade e podiam então, com o cuidado de algumas precauções, ser utilizados e assimilados pelos cristãos. A estas autoridades, de certa forma primárias, vieram pouco a pouco se juntar diversas autoridades secundárias, de menor prestígio, mas igualmente úteis.
O século XII explorou dois caminhos, essa geração de Abelardo e de Anselmo de Laon enfatizou a questão do método. É o triunfo da dialética. Tratava-se, por meio de um perfeito domínio da lógica e mais amplamente de todas as artes da linguagem, gramática e retórica, de saber desencravar as passagens obscuras dos textos, resolver as contradições aparentes e, no final das contas, retirar os pontos importantes para submetê-los à discussão e, conduzindo esta discussão segundo as regras do raciocínio correto, chegar a uma formulação tão exata quanto possível das verdades tiradas dos textos estudados.
O grande movimento das traduções latinas que se estendeu durante aproximadamente duas gerações, é um dos fenômenos culturais mais importantes do século XII, ainda mais significativo por ser tratado de um trabalho organizado, com equipes de tradutores, de financiadores de traduções e uma verdadeira rede de divulgação no século XII, alguns textos suplementares descobertos, mas o essencial estava conhecido antes de 1200.
Havia diversos focos de tradução. Na Itália, estes focos eram a Sicília normanda,