a religião como narrativa de origem
A religião transmuta apenas o espaço. Também qualifica o tempo, dando-lhe a marca do sagrado. O tempo sagrado é uma narrativa. A narrativa sagrada é a historia sagrada, que os gregos chamavam de mito. Este não é uma fabulação ilusória, uma fantasia sem consciência, mas a maneira pela qual uma sociedade narra para si mesma seu começo e o de toda a realidade, inclusive o começo ou nascimento dos próprios deuses. Embora a narrativa sagrada seja uma explicação para a ordem natural e humana, ela não se dirige ao intelecto dos crentes, mas se endereça ao coração deles. Por que se dirige ás paixões do crente, a religião lhe pede uma só coisa: FÉ, ou seja, a confiança, adesão plena ao que lhe é manifestado como ação da divindade. A atitude é fundamental da fé é a piedade: respeito pelos deuses e pelos antepassados. A religião é crença, não é saber. E tentativa para transformar a religião em saber racional chama-se teologia
A vida após a morte
Toda religião explica não só a origem da ordem do mundo natural, mas também do mundo humano. No caso dos humanos, a religião precisa explicar por que são mortais. O mistério da morte é sempre explicado como expiação de uma culpa original, cometida contra os deuses. No princípio, os homens eram imortais e viviam na companhia dos deuses; a seguir, uma transgressão imperdoável tem lugar e, com ela, a grande punição: a mortalidade.
No entanto, a imortalidade não está totalmente perdida. Algumas religiões afirmam que o corpo humano possui um duplo, feito de outra matéria, que permanecerá após a morte, usando outros seres para relacionar-se com os vivos. Certas religiões acreditam que o corpo é habitado por uma entidade – espírito, alma, sombra imaterial, sopro -, que será imortal se os decretos divinos e os rituais tiverem sido respeitados pelo fiel. Por acreditarem firmemente numa outra vida – que pode ser imediata, após a morte do corpo, ou pode exigir reencarnações purificadoras até alçar-se