A religiosidade na obre "O remorso de Baltazar Serapião"

INSTITUTO DE LETRAS
ESTUDOS PORTUGUESES I

De acordo com a hierarquia da época o deus católico está acima de todo e qualquer mortal, seguido pelos reis, os senhores feudais e homens da igreja (que são, em definitiva, representantes de deus na terra), os vassalos, as mulheres e o diabo. Provas dessa pirâmide não faltam em “O remorso de Baltazar Serapião”, onde abundam as referências a figuras bíblicas e conceitos religiosos, sejam eles divinos ou malditos. Estes componentes aparecem diversas vezes e condicionando a época e, portanto, a vida dos personagens e algumas apreciações feitas por eles. Aqui alguns exemplos:
O caso mais evidente, pelo fato de carregar uma marca no lugar do sobrenome, é o da Teresa diaba, a única personagem feminina do livro que, de fato, consegue se beneficiar do papel feminino vigente naquela época. A diaba é uma mulher solteira que entende que o único jeito de estar a salvo da misoginia selvagem da época é se entregando ao sexo. Mas essa também não é uma troca que a prejudica, desde que ela realmente sente prazer no sexo que os homens praticam com ela e que de jeito nenhum praticariam com suas esposas. Segundo Baltazar, a Teresa diaba “abria-se como lençóis estendidos e recebia o homem com valentia sem queixa nem esmorecimento. Era como gostava, total de fúria e vontade, sem parar, a ganir de prazer”. A Teresa diaba representa tudo aquilo que não se esperava duma mulher medieval: que não fosse casada na igreja e que sentisse tanto prazer no sexo. De fato, ela não é considerada mulher. Nem é considerada humana. O papel da diaba oscila entre praticamente um animal “...a diferença entre ela e uma vaca ou uma cabra era pouca, até gemia de forma estranha, como lancinante e animalesca sinalização vocal do que sentia, destituída de humanidade , com trejeitos de bicho desconhecido ou improvável.” e uma coisa “só servia de mamas, pernas e buracos...”.Por isso a Teresa diaba é motivo de nojo e desprezo e, segundo Baltazar,