A relação entre arquitetura e poder na obra de Oscar Niemeyer
O desenvolvimento da arquitetura de Niemeyer deu-se num período complexo de transformação social brasileira. Nos meados da década de 50, buscava-se, no Brasil, uma identidade nacional unificada. O país, em toda sua pluralidade e miscigenação, sofreu, desde sempre, de uma carência ideológica original: um exemplo disso é que as primeiras reflexões urbanísticas no Brasil foram desenvolvidas como uma evolução das formuladas na Europa, antes mesmo de o país urbanizar-se. Desta feita, não é de se surpreender que se ansiasse por algo unificado, que representasse os brasileiros, sua essência real e concreta, sua identidade.
Assim, a historiografia da época, tanto brasileira quanto internacional, selecionou as tendências artísticas e sociais a serem mostradas e reafirmadas como identificação brasileira. Na arquitetura isso foi ratificado pela ascensão da arquitetura moderna no mundo, o que fez com que a arquitetura da Escola Carioca, principalmente a de Niemeyer, fosse ditada como única moderna no Brasil. Sua inovação nas formas livres e externalização do gênio criador foram marcadas como próprias do país, e renovadoras; o Brasil foi considerado avançado em relação aos outros países por essa definição. O conjunto da Pampulha, por exemplo, foi afirmado como a obra que representava o país. Vale ressaltar que até hoje Niemeyer é um dos poucos arquitetos reconhecidos entre a população “não-arquiteta”.
Tal difusão distorcida chegou a tal ponto que formou-se a idéia de que o Brasil já era moderno desde sua expressão neo-colonial, pela sua ausência de ornamentação e simplicidade. Lúcio Costa, também da Escola Carioca, afirmou que só o material ainda não era moderno, mas o pensamento sim. O exemplo tomado, nessa concepção, foi a Casa do Bandeirante, que foi escolhida para ser o símbolo da produção brasileira da época.
Personagens importantíssimos da arquitetura moderna brasileira foram descartados da