A relação educação e sociedade sob a crise do capital
Francisca Joicemeiry Ramos de Brito[2]
Introdução
Este trabalho é resultado das leituras e das discussões realizadas por ocasião da disciplina Educação e Sociedade e trata da relação entre trabalho e educação sob a ordem do capital. O texto está organizado em três partes que discutem a relação entre trabalho e educação numa perspectiva histórica, evidenciando o papel da educação na sociedade capitalista e apontando as possibilidades da atividade educativa no processo de construção da emancipação humana.
1. – A relação entre trabalho e educação numa abordagem histórica
“(...) As origens da educação se confundem com as origens do próprio homem”. Com base nessa afirmação de Saviani, podemos constatar que a história da educação acompanha o processo de evolução humana. Diz respeito à própria existência humana. Nessa questão, o trabalho constitui-se um elemento fundamental para se compreender a educação, já que para produzir as suas necessidades materiais, o homem aprende a transformar a natureza ao mesmo tempo em que transforma a si mesmo.
Nas sociedades primitivas não havia escola. A forma de educação estava relacionada diretamente com a produção existencial. Havia uma identificação plena com o processo de trabalho. “Os homens apropriavam-se coletivamente dos meios de produção da existência e nesse processo educavam-se e educavam as novas gerações” (SAVIANI, 2006, P. 154). Os ensinamentos se davam informalmente através das práticas da vida coletiva, relacionando vida e trabalho nesse processo. A educação consistia numa ação espontânea, na vida cotidiana, não diferenciada das outras formas de ação desenvolvidas pelo homem, ligada diretamente com o processo de trabalho que era comum a todos os membros da comunidade.
Quando surge a propriedade privada da terra, surge também o Estado e com o Estado surge à escola na Grécia antiga, como o lugar do ócio, voltada para atender a