A Relação de História e Memória no filme: O ano em que meus pais saíram de férias
Beatriz Silva2
Um filme de Cao hambúrguer, O ano em que meus pais saíram de férias (2006), trata-se de um longa que traz em sua composição relações entre história e ficção, ou como é comum tratado, cinema-história. O estudo tratado nesta filmografia busca abordar a relação entre memória, história e cinema. Trabalhando com a hipótese de que ao enfocar o ponto de vista da criança, personagem principal e narrador da história, é colocado de forma enviesada, porém não menos reforçada, incluindo a ditadura militar e sua violência planando sobre o longa ditando o destino dos personagens.
O regime militar sobre o governo Médici assolava o Brasil, ainda assim a seleção de Rivelino, Pelé e Tostão, conquistaram o tricampeonato na Copa do Mundo no México. Enquanto isso os pais de um garoto denominado Mauro saíram de férias, deixando-o com o avô que para ele era um desconhecido. Mauro, como a maioria dos garotos da época só pretendia vibrar pelo Brasil durante os jogos ao lado de seus pais. Com a “viajem” de seus pais, Mauro vê-se obrigado a conviver com completos estranhos.
Articular experiências pessoais e/ou sociais historicamente relatadas é um dos objetos de interesse desse filme. Pode-se perceber essa proposta ao analisar a inflexão de Mauro com o futebol e a Copa do Mundo de 1970. Mauro está exilado de sua família, em meio a uma espécie de também um exílio político, ele incompreende uma série de acontecimentos predominantes, é um garoto solitário, a visão do mesmo sobre a solidão perpassa toda a história. A partir do momento em que ele passa a viver com o avô que ele desconhecia, ele também passa a ser um desconhecido, praticamente o estrangeiro, em terra estranha, imerso a uma cultura até então a ele inexistente.
A espera pela volta dos pais e ida pra casa é longa e a acomodação de Mauro ao local, apesar progressiva, é lenta. Aos poucos, o garoto vai perdendo a visão dos