A relação da identidade com a homossexualidade exemplificada pelo seriado Queer as Folk
Introdução
A distinção entre identidade e homossexualidade, por muitas vezes, não é feita pela maioria das pessoas, mesmo que de forma inconsciente. Considerando a identidade algo construído, instável e inacabado, abrangendo todas as relações simbólicas de um sujeito com ele mesmo e com o mundo, não há como a sexualidade englobar todas essas características a ponto de ser igualada à identidade.
Partindo deste ponto, este trabalho busca demonstrar por meio de teoria, exemplificado por cenas e personagens do seriado norte-americano Queer As Folk, as delimitações e relações entre sexualidade (tendo como foco a homossexualidade) e identidade. Enxergar tais delimitações aparentemente tênues faz-se necessário à medida que o julgamento de um sujeito é feito por sua identidade, que, se confundida com sexualidade, será feita de maneira injusta, como se o sexo/gênero determinasse o que um indivíduo é e sua completa identidade.
Desenvolvimento
Como conceito introdutório de identidade, Hall (I990, p. 233) a vê como produção, sendo que ela nunca está completa, está sempre em processo e é sempre constituída dentro de representações. Esse caráter transitório e “em processo” da identidade é percebido nitidamente nos personagens do seriado, principalmente no personagem Brian Kinney: um publicitário bem sucedido que geralmente não se importa com ninguém a não ser com ele mesmo. Em determinadas cenas, ele se sacrifica em prol dos amigos, dos pais e da comunidade gay, mesmo sendo rude com as pessoas próximas e indiferente a qualquer tipo de manifestação de apoio aos gays ou a favor do casamento homossexual. Se a identidade fosse um bloco concreto ou algo delimitado por características imutáveis, um sujeito somente agiria espelhado em sua identidade construída. Porém, os sujeitos, bem como suas ações, são contraditórios e imprevisíveis, o que faz de