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A RELAÇÃO DENOTAÇÃO-CONOTAÇÃO
UMA QUESTÃO DE PLURISSIGNIFICAÇÃO IMANENTE
José Mario Botelho (UERJ)
No início do capítulo “Conotações”, do seu Introdução à Semântica: brincando com a gramática, Ilari declara que o seu objetivo é “mostrar que o uso de determinadas palavras e expressões, além de descrever as realidades de que se fala, cria uma representação do falante, do ouvinte e da interação verbal, que pode ser mais ou menos adequada ao momento”.
Logo, a preocupação do autor é identificar os diversos sentidos de um dado item lexical (palavra ou expressão verbal) que se instaura num determinado contexto, no qual se inserem o emissor, o receptor e a própria interação verbal.
Percebe-se, pois, que se trata do uso expressivo das formas gramaticais do léxico − estudo, que caracteriza a Estilística Morfológica ou Léxica e conseqüentemente a Estilística Semântica.
Ilari procura contrapor a conotação à denotação, que é vista por ele como “o efeito de sentido pelo qual as palavras falam ‘neutramente’ (grifo do autor) do mundo”. Na intenção de tornar mais clara a oposição conotação/denotação, o autor apresenta o seguinte diálogo, como exemplo:
A – A lanternagem vai custar no mínimo R$ 200, 00.
B – É verdade, a funilaria vai sair cara!
Do diálogo, Ilari observa que se trata de um falante carioca
(A) e outro paulista (B), em virtude do uso daquelas palavras. O carioca concebe a palavra “lanternagem” para o referido conserto, enquanto o paulista prefere o uso de “funilaria” para a mesma concepção.
Saussure (1969) já reconhecia que a palavra apresenta um significado no qual a função representativa da linguagem humana se apóia. Contudo, essa representação dada às palavras é sempre delimitada por palavras cujos significados não resultam de um raciocínio homogêneo do mundo, mas de uma conveniência humana. Portanto,
SOLETRAS, Ano III, Nos. 05 e 06. São Gonçalo: UERJ, 2003
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DEPARTAMENTO DE LETRAS
pode ter sido mal delimitada e se mostrar