A questão social no capitalismo
A análise da questão social é indissociável das configurações assumidas pelo trabalho e encontram-se necessariamente situada em uma arena de disputas entre projetos societários, informados por distintos interesses de classe, acerca de concepções e propostas para a condução das políticas econômicas e sociais. Sob um ângulo, a questão social produzida e reproduzida ampliadamente tem sido vista na perspectiva sociológica, enquanto “disfunção” ou “ameaça” á ordem e á coesão social. Dessa maneira, as respostas a questão social passam a ser canalizadas para os mecanismos reguladores do mercado e para as organizações privadas, as quais partilham com o Estado a implementação de programas focalizados e descentralizados de “combate á pobreza e á exclusão social”. Em perspectiva de análise distinta, a questão social enquanto parte constitutiva das relações sociais capitalistas é apreendida como expressão ampliada das desigualdades sociais: o anverso do desenvolvimento das forças produtivas do trabalho social.
A expressão “questão social” é estranha ao universo Marxiano, tendo sido cunhada por volta de 1830 (STEIN, 2000). Historicamente foi tratada sob o ângulo do poder, vista como ameaça que a luta de classes em especial, o protagonizo da classe operária- representava á ordem instituída. Entretanto, os processos sociais que ela traduz encontram-se no centro da análise de Marx sobre a sociedade capitalista. Nessa tradição intelectual, o regime capitalista de produção é tanto um processo de produção das condições materiais da vida humana, quanto a um processo que se desenvolve sob relações sociais – histórico-econômicas – de produção específica.
O trabalho e a questão social na sociedade capitalista supõem dar conta de sua historicidade que na análise do autor de O Capital, dispõe de uma dupla indissociável característica que a particulariza. Em primeiro lugar, nessa sociedade, a mercadoria é o caráter predominante dos produtos. O próprio