A quem pertence manipulação do poder
Campo de estudo e atuação da Orientação Profissional
Maria da Conceição Coropos Uvaldo
Pesquisando a bibliografia existente na área de Orientação Profissional no Brasil, nota-se uma preponderância de artigos e livros relatando experiências com alunos da terceira série do ensino médio. E mais, quando se fala em Orientação Profissional a associação imediata da maioria das pessoas é com um trabalho dirigido a essa população. O objetivo deste texto e de outros que o seguem é ampliar essa perspectiva.
Mas... o que é mesmo Orientação Profissional?
A Orientação Profissional hoje fica bastante restrita ao atendimento de terceiro-anistas do ensino médio. É importante observar tratar-se de um dado momento histórico, que tem seu auge na década de 70, em que o sonho de todos era fazer uma faculdade, símbolo inconteste de ascensão social e respeito para a classe média e baixa. Em decorrência disso temos o surgimento de um número muito grande de escolas de nível superior, fazendo com que o sonho se tornasse possível, pelo menos hipoteticamente. Já nos anos 90 temos como conseqüência desse movimento:
a) um número elevado de pessoas com diplomas de nível superior não assimiladas pelo mercado de trabalho. b) a qualidade bastante questionável de uma parte das escolas que fornecem esses cursos.
Seria uma análise ingênua julgar que o Brasil possui “doutores” demais. Na verdade, já há muito se sabe que a concentração de profissionais universitários é desigual, encontrando-se em sua maioria nos grandes centros urbanos. Este é o retrato, conseqüências políticas educacionais pouco abrangentes e garantia de poder para uma determinada classe social. Em meio a este panorama é explicável que sempre que se fala em Orientação Profissional a associação imediata seja: escolha de faculdade. Mas é apenas para isso que serve a Orientação Profissional? Será que este campo não seria mais amplo?