A queda - ultimas horas de hittler
Descrição:
Ele não acredita em vidas passadas, regressão, vida após a morte, karma, guias espirituais ou santos, afinal, é ateu convicto. Não acredita em Allan Kardec, Chico Xavier, mediunidade, cordão de prata, ectoplasma, vultos ou espíritos. É cético, acredita somente naquilo que a ciência prova. Seu mundo caiu numa terça feira cinza. A sala era inteira branca, com pessoas vestidas de branco, com folhas de sulfite brancas e canetas, essas, azuis. Ele achou tudo uma bobagem, mas já que estava ali, não tinha nada a perder. Queria descobrir a origem de seus pesadelos, queria voltar a dormir como antes e, depois de ter tentado com a medicina tradicional, resolveu ouvir a mãe e sua bobagem esotérica. Ao fim da sessão, não podia acreditar no que tinha em suas mãos: algumas folhas sulfites com sua caligrafia e todos os fragmentos dos seus sonhos juntos, em linhas. Daquele dia em diante, ele nunca mais foi o mesmo.
“Amados pais. Se estão lendo esta carta, é porque ainda temos o aeroporto. Tenho certeza que esta será a última que seu amado filho lhes escreverá. Temos russos por todos os lados e não nos mandam ajuda de Berlim. Lhes tenho uma triste notícia, Granstsau morreu semana passada. Estava ele, eu e mais três andando quando simplesmente caiu no chão com a cabeça aberta. Amados pais, chorei muito ao vê-lo, porque crescemos juntos, lembram-se? Quando éramos crianças, quebrei a perna, ele me levou a casa nas suas costas com a minha perna quebrada. Sinto muito pelos pais dele. Perdi meu único amigo. E aqui haverá o fim. Nosso comandante se matou com um tiro na boca ontem de noite. Nossa moral não existe mais. Mas espero que essa maldita guerra acabe, pouco me importa o que aconteça. Se não receberem mais cartas minhas, vão para Espanha o quanto antes, sabemos que é uma questão de tempo dos russos chegarem em Berlim. Amados pais, após essa guerra, a Alemanha ficará atônita ao saber que o soldado que lhes escreve teve a vida