A qualquer preco
Não é à toa que Robert Redford é um dos produtores, e Sydney Pollack tem uma participação especial. É um filme na tradição tão cara ao cinema americano do pequeno David lutando no tribunal contra os grandes Golias, o homem sozinho contra as grandes corporações – e de como, no processo, ele, um cínico, se torna idealista. Lembra O Veredito, de Sidney Lumet, ele também engajado e progressista – e, para acentuar a semelhança, a primeira seqüência trata exatamente de um caso de erro hospitalar em Boston. O filme lembra também o tema recorrente de John Grisham em The Rainmaker (jovem advogado versus companhia seguradora) e em The Street Lawyer (jovem advogado versus a miséria dos sem-teto e versus gigantesca firma de advocacia).
Extremamente previsível no começo, o filme vai surpreendendo mais para o fim.
Talvez por ser passado na Nova Inglaterra, é, como os filmes de esquerda ingleses, o tempo todinho consciente das diferenças de classe; enfatiza o abismo social em cada pequeno detalhe. O personagem central, feito por Travolta, brilhante, Jan Schlichtmann (ele mesmo consultor do filme, como se verá nos créditos finais), ficou riquíssimo defendendo vítimas de lesões corporais – por si só um ramo considerado menor da advocacia, coisa de “chantagistas”, “caçadores de ambulância”, mas tem origem humilde (o nome denuncia o imigrante nessa sociedade de Wasps); em uma das diversas seqüências brilhantes, ele se encontra em Nova York com o vice-presidente de uma grande corporação (é o papel de Sydney Pollack), e o encontro se dá no Clube de Harvard – e o vice-presidente o