A PUTA QUE PARIU
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
CAPÍTULO 1 – Assumir os rumos da própria vida – Pensando a autonomia
Iniciamos aqui uma jornada de reflexão, percepção e desenvolvimento da consciência a partir da Filosofia. Neste livro, a Filosofia é vivenciada como um espaço de estímulo ao questionamento e ao conhecimento de si e do mundo.
Começaremos essa jornada refletindo sobre o tempo. O texto a seguir é uma adaptação de um trecho do livro da artista plástica Fayga Ostrower, que pode enriquecer a abordagem do tema em sala de aula.
Na formação do nosso ser, da nossa identidade, existe um intervalo considerável entre a formação das nossas noções de espaço e das nossas noções de tempo. Quando adultos, o espaço e o tempo são percebidos em conjunto, interligando-se no movimento como categorias indissolúveis, uma evocando a presença da outra. Na visão infantil, as noções de espaço, todavia, precedem as nossas noções de tempo.
Embora cada ser se desenvolva dentro de padrões culturais diversos, antes de nos diferenciarmos individualmente e culturalmente, temos que aprender a olhar, a sentar, engatinhar e andar, temos que tocar nas coisas e segurá-las junto ao nosso corpo, para reconhecer o que são e como são, a fim de sabermos algo a respeito do mundo e de nós mesmos. Tais conhecimentos básicos, assim como o próprio senso de identidade, são adquiridos por todos do mesmo modo: estruturando-se em termos de espaço, a partir de espaços vividos, em formas espaciais.
A temporalidade, no começo da vida, é vivenciada pela criança como um eterno agora. Ela mesma constitui um mundo global, onde certas coisas podem ou não acontecer, causando prazer ou desprazer. Os “antes” ainda não levam aos “depois”. Ainda não existe uma experiência do tempo nem real nem imaginativa que possa interligar o passado ao futuro. Não há duvidas de que o próprio balanço do corpo traz sensações rítmicas, tanto que ainda muito novo o bebê começa a produzir