A Psicologia Social e o Trabalho em Comunidades:
Limites e Possibilidades
Resumo
Este artigo discute a implicação, a escuta e a autoria como ferramentas teóricas e metodológicas da Psicologia Social tomando como campo empírico dessa reflexão uma experiência de trabalho com jovens moradores de uma comunidade.situada na periferia da cidade de Porto Alegre/Brasil. Parte-se de proposições segundo as quais os modos de habitar e de se deslocar no território da cidade têm efeitos subjetivos e de que é possível constituir uma estratégia de intervenção baseada em ações coletivas de circulação e de reflexão desses deslocamentos. Quando as ações coletivas de circulação e de reflexão operacionalizam espaços exercícios de autoria assistimos tanto a uma reconfiguração subjetiva dos sujeitos quanto a dos próprios profissionais. Chegando a conclusão que estratégias que visem à ampliação dos territórios de circulação da cidade são necessárias não somente aos moradores das periferias das mesmas, mas também aos psicólogos sociais. Palavras-chave: Psicologia social; adolescentes; comunidades.
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“Aquela Ilha parecia ocultar um segredo muito além da minha compreensão, pois eu era capaz de jurar que ela aumentava de tamanho, à medida que eu avançava para o seu interior. Era como se a cada um dos meus pequenos passos seu tamanho se multiplicasse em todas as direções; como se ela fosse se expandindo espontaneamente, a partir de não sei o quê (...).
Depois, tive a sensação de estar perdido numa paisagem mágica, uma espécie de labirinto às avessas, dentro do qual os caminhos nunca chegavam a uma parede (...). Agora, eu queria mesmo saber qual era o tamanho da Ilha e decidi, então, continuar minha jornada.” (Gaarder, 1996, p. 85-86, 97-98).
Espaços Físicos e Subjetivos
Viver e habitar em um território, além de implicar uma forma peculiar de lidar com os recursos disponíveis geograficamente, também configura laços de sociabilidade, redes de trocas e modos coletivos e singulares