A psicanálise e os pontos de congruência com a arte.
O presente trabalho se propõe encontrar pontos de congruência entre o trabalho do artista plástico e do psicólogo e/ou psicanalista. Para tanto, abordaremos questões como: atividade criativa, pensamento dominante e impacto destas funções na subjetividade alheia — estes tópicos serão enfocados como pontos em comum ao desempenho de ambas as funções. Isto posto, buscaremos na(s) obra(s) de Roy Glover elementos que apóiem essa perspectiva, ora através do produto final, a obra propriamente dita, ora através da proposta artística ou mesmo dos possíveis impactos que esta causa na subjetividade do público.
2. ESTABELECENDO SIMILARIDADES
Um trabalho que se proponha incluir a psicanálise e as artes plásticas; em nosso entendimento, deve necessariamente citar seu principal autor, Freud e o uso recorrente que este fez da arte em sua obra, para tanto, recorremos ao textos de Rosenfeld1, entre outros, para podermos compreender essa ligação.
2.1 O IMAGINÁRIO NA ARTE E NA PSICANÁLISE
Embora pioneiro de uma nova ciência, Freud foi um homem impulsionado e também ancorado ao pensamento dominante de sua época, “a psicanálise não é apenas fruto do trabalho de um homem só, ela também está vinculada às questões de sua época, principalmente às idéias que transpiravam dos movimentos artísticos”. A autora lembra a "modernidade vienense", a qual se caracterizou, entre outras coisas, por colocar em cheque a hegemonia da razão, por abrir espaço para o "interior", por pensar toda unidade como sendo feita de elementos heterogêneos conflitantes e por uma profunda busca das origens. Ela conclui: “As ressonâncias com o pensamento freudiano já se fazem ouvir” (Rosenfeld, 1999). Uma proposta de aproximação entre arte e ciência apresenta elementos conflitivos, que já eram perceptíveis no discurso do precursor da psicanálise. No decorrer de sua obra Freud apresenta atitudes contrastantes, num duplo movimento de atração e repulsa em relação à arte e aos artistas,