A prática com a rede sob o ponto de vista da teoria sistêmica novo-paradigmática: A posição do não-saber
A posição do não-saber
“Não entendo. Isto é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto-me muito mais completa quando não entendo. (...) Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender o que não entendo.”
Clarice Lispector, A Descoberta do Mundo, 1999.
O trabalho com redes tem tomado as discussões dos trabalhadores da assistência social há um bom tempo. No serviço de medidas sócio-educativas, está definido como
“rede” socioassistencial todas as instituições e equipamentos públicos dentro do território regional, segundo a divisão política da prefeitura de Belo Horizonte. Segundo a Norma
Operacional Básica do Sistema Único da Assistência Social – NOB/SUAS 1: A rede socioassistencial é um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, que ofertam e operam benefícios, serviços, programas e projetos, o que supõe a articulação entre todas estas unidades de provisão de proteção social, sob a hierarquia de básica e especial e ainda por níveis de complexidade. Entretanto, venho acrescentar a este conceito, da metodologia do trabalho com as medidas da PBH, um outro ponto de vista, que vem otimizando as interações com a rede na região do Barreiro. Essas contribuições advêm da teoria sistêmica novo-paradigmática, será feita alusão a um caso ainda em acompanhamento como ilustração.
Tenho trabalhado nesta regional há 10 meses. Feitas várias visitas institucionais, a princípio, no intuito de articular o encaminhamento de adolescentes para cumprimento da medida determinada judicialmente, pude observar nestas instituições fatores diversos de resistência, que se expressam das seguintes maneiras: o referido adolescente é aluno ou ex-aluno e não teve uma boa trajetória na instituição, ou o adolescente e sua família são