A prova ontológica da existência de deus
Depois de insistentes pedidos de alguns coirmãos, escrevi opúsculo como exemplo de meditação sobre as razões da fé, como alguém que, raciocinando consigo mesmo, indaga o que ignora; mas depois, considerando que o escrito é constituído pelo encadeamento de muitos argumentos, comecei a me perguntar se não podia encontrar um argumento único que demonstrasse por si só, sem necessidade de outro qualquer, que Deus existe e que é o bem supremo, que não precisa de nada e de quem todo o resto necessita para ser e para ter valor, e que também bastasse para demonstrar as outras verdades em que acreditamos acerca da substância divina.
Concede-me Senhor, tu que dás inteligência à fé, concede-me nos limites do conveniente entender que tu és como acreditamos. Na verdade, nós acreditamos que tu és algo maior do que tudo que se poderia pensar.
Mas talvez não exista uma tal natureza, posto que o insipiente disse em seu coração: Deus não existe. Sem dúvida, porém, o próprio insipiente, quando ouve o que eu digo (algo maior do que tudo que se pode pensar), entende o que está acusando e o compreende em seu intelecto, mesmo sem entender que aquela coisa sobre a qual escuta existe. De fato, entender uma coisa com o intelecto é distinto de entender que aquela coisa existe.
Portanto, o insipiente também está convencido de que existe, ao menos no intelecto, alguma coisa da qual não se pode pensar nada maior. Ao escutar isso, de fato, entende-o, e quando se entende alguma coisa quer dizer que já se tem essa alguma coisa no intelecto. Ora, aquele do qual não se pode pensar nada maior não pode existir somente no intelecto.
De fato, se existisse somente no intelecto, poderíamos pensar que existisse uma outra também na realidade, e assim esta segunda seria maior que a primeira. Consequentemente, se aquilo do qual nada maior se pode pensar existe só no intelecto, daí resultaria que aquilo do qual o maior não se pode pensar e aquilo do qual o