A produção de etanol em micro e mini-destilarias
Enrique Ortega, Marcos Watanabe, Otavio Cavalett. Laboratório de Engenharia Ecológica FEA, Unicamp, Caixa Postal 6121 Campinas, SP, Brasil CEP 13083-862 Resumo A avaliação sistêmica “emergética” que inclui os valores dos insumos ambientais, a diminuição no oferecimento de serviços ambientais e o aumento das externalidades negativas dos projetos para produção de álcool combustível revela uma realidade muito diferente da imagem da indústria da cana difundida pela mídia. Por meio da analise sistêmica é possível descobrir que a economia de escala desaparece e, ao mesmo tempo, perceber que sistemas agrícolas ecológicos integrados com pequenas destilarias de álcool podem ter um ótimo desempenho econômico e sócio-ambiental. Para chegar a essa conclusão é necessário incluir parâmetros ambientais e sociais. Além disso, hoje, a escolha da modalidade de produção exige uma análise da conjuntura global, pois o modelo de desenvolvimento depende tanto das potencialidades locais quanto dos arranjos políticos regionais e internacionais e do equacionamento da problemática climática e social global. 1. INTRODUÇÃO: A produção de etanol combustível pode realizar-se de vários modos. Lamentavelmente a escolha tecnológica ocorre em função dos interesses econômicos e políticos unicamente, ficando de fora os objetivos sociais e ambientais. Na época de implantação do Pró-Álcool a opção por usinas grandes (120 000 litros/dia ou seus múltiplos), não era mais do que uma entre diversas possibilidades existentes [Bueno, 1980]. A opção adotada implicou no desgaste de recursos humanos (“bóias-frias”), naturais (solo, flora, fauna) e financeiros (possibilidade da aplicação do dinheiro em outros investimentos). A opção pela grande escala de produção resultou em uma monocultura danosa, pouca possibilidade de interação com a pecuária e a destruição da diversidade ecológica e das pequenas economias nos locais onde as grandes usinas se instalaram