A Produção Audiovisual dos Pankararu do Sertão de Pernambuco : Um estudo sobre imagem e representação
A produção de imagens foi inserida na antropologia desde o início da história do cinema. Hoje, a utilização desse equipamento por parte daqueles que na antropologia clássica eram seus objetos de pesquisa, trouxe transformações para o estudo desse tipo de produção. A relevância do estudo da produção audiovisual entre povos etnicamente diferenciados se dá pela importância do seu significado. Para tais grupos, o audiovisual, além de ser objeto de representação de suas tradições, é um meio de registro documental, veículo de visibilidade pública e (re) afirmação identitária em meio às mudanças sociais. O presente artigo trata da produção audiovisual entre os Pankararu e seus desdobramentos nessa sociedade enquanto um ato de representação coletiva, de auto invenção e de autoafirmação enquanto etnia diferenciada.
Palavras-chave: Identidade, audiovisual, representação.
1. OS PANKARARU
Os estudos realizados sobre o povo Pankararu remetem a históricas perseguições, ações missionárias, de tutela e de políticas implementadas desde o início da colonização portuguesa, que incluíam deslocamentos e aldeamentos forçados, a convivência e a indiferenciação entre diversas etnias indígenas que habitavam a região Nordeste do Brasil. Citando Hohenhal, Arruti (1995), nos trás a informação de que a primeira notícia sobre o povo Pankararu é de 1702, quando esses foram mencionados em um relatório jesuíta referente à aldeia de Nossa Senhora do Ó, na ilha de Sorobabé, localizada no rio São Francisco, onde estavam reunidos com outros povos indígenas e, posteriormente, também com não índios. Ainda nesse mesmo relatório, são citados em dois outros aldeamentos nos anos de 1845 e 1846: Nossa Senhora de Belém e Beato Serafim respectivamente, esses se localizavam na Ilha da Vargem e Ilha do Acará, também no rio São Francisco. Após o fim do aldeamento Brejo dos Padres em 1877, o qual se localizava na comarca de Tacaratu - PE, atual cidade de