A PROBLEMÁTICA DO BEM E DO MAL: ANTES E PARA ALÉM DO DIREITO
No início do capítulo, o autor faz um paralelo entre religião e filosofia, elucidando que a religião tem o diferencial de inspirar e estimular as pessoas, ao passo que a filosofia propõe uma doutrina de salvação sem Deus. Em seguida, explora-se a experiência do mal no Antigo Oriente.
O mito teogonico ou etiológico está presente nas narrativas que procuram explicar a origem do mundo, tal como o poema sumério Enuma Elish. Acreditava-se que, antes da formação do mundo, havia apenas o caos, equivalente ao “mal”.
O modelo mítico adâmico tem como referência o livro de Gênesis. Ao comer a maça tal como nos textos bíblicos, o homem desperta seu potencial autodestrutivo. A Bíblia se pauta na dualidade bem/mal: o “filho” pode escolher a santidade (caminho de Deus), ou o pecado (que acarretará uma punição). Contudo, este binarismo dá margem a diversos questionamentos, por exemplo: se Deus criara o ser humano a sua imagem e semelhança, por que o desafiaria a pecar? Nesse caso, o mal se origina a partir da ação do homem, estando associado à culpa.
O mito trágico é um intermediário entre os dois modelos anteriores. Neste caso, o mal está ligado ao destino humano. Exemplo disso são as tragédias gregas, como Édipo Rei. Nesta obra, fica evidente a ambiguidade da divindade.
O mito órfico, que atingiu maturidade no período helenístico, garante que somos todos deuses por herança e que, um dia, retornaremos à divindade. Nesse caso, o mal se situa no corpo. Essa mitologia será mais bem assimilada pela tradição filosófica do platonismo. A salvação, portanto, ocorrerá de encarnação em encarnação conforme formos nos desprendendo das coisas materiais. Além disso, os órficos determinam que a culpa é sempre de responsabilidade individual. Em síntese, o mal está na matéria.
A filosofia dá sentido ao sofrimento. A religião amplia no ser humano as perspectivas de superação dos obstáculos. O autor cita a classificação de