A primavera Marcelista
Reformismo politico não sustentado Em Setembro de 1968, Antonio de Oliveira Salazar é operado de urgência a um hematoma cerebral. Pouco depois, dado o agravamento do seu estado de saude, o presidente da Republica vê-se obrigado a encetar os procedimentos institucionais para a sua substituição. A escolha recaiu sobre o professor Marcello Caetano, um dos notáveis do Estado Novo que, no entanto, se permitira discordar, em mais do que uma ocasião, da polftica salazarista ( ver crise de 58 ). Apresentava-se, por isso, como um politico mais liberal, capaz de alargar a base de apoio do regime, além de ser visto como uma porta de saída para o já pesado isolamento internacional.
Logo no discurso da tomada de posse, Marcello Caetano define as linhas orientadoras do seu governo: continuar a obra de Salazar, à qual presta homenagem, sem por isso prescindir da necessaria renovação política. Pretendia-se, nas palavras do novo presidente, «evoluir na continuidade», concedendo aos Portugueses a «liberdade possivel».
Nos primeiros meses de mandato, o novo Governo dá sinais de abertura, que enchem de esperanças os opositores politicos: faz regressar do exílio algumas personalidades, como o bispo do Porto e Mario Soares, modera a actuação da polícia política (que passara a chamar-se Direcção-Geral de Segurança - DGS), ordena o abrandamento da censura (mais tarde designada Exame Prévio), abre a União Nacional (rebaptizada, em 1970, Acção Nacional Popular - ANP) a sensibilidades políticas mais liberais.
Foi neste c1ima de mudança, que ficou conhecido como «primavera marcelista», que se prepararam as eleições legislativas de 1969. Procurando legitimá-las aos olhos da opinião pública, o Governo alargou o sufrágio feminino (a todas as mulheres escolarizadas), permitiu maior liberdade de campanha à oposição, bem como a consulta dos cadernos eleitorais e a fiscalização das mesas de voto.
No entanto, embora se possa considerar o menos manipulado de todos