A PRESENC A ATRAVE S DO OLHAR
Germano Teixeira de Oliveira
Resumo
O texto propõe a reflexão acerca dos olhares fantasmagóricos no filme Tio Boonme, que pode recordar suas vidas passadas, do diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul. Para tanto, busca-se a articulação e apresentação da ideia de presença, colocada em discussão na obra Produção de presença, de Hans Ulrich Gumbrecht.
Palavras-chave: cinema. olhar. presença.
O texto parte do desejo de um estudo que se fosse relacionado à potencialidade de impacto dos olhares dos personagens dentro do cinema. Dentro dessa inclinação, decidimos aqui nos debruçar acerca dos seres sobrenaturais, que são retratados no filme tailandês Tio Boonme, que pode recordar suas vidas passadas (2010). Essas aparições surgem sempre de maneira inesperada, e possuem uma força de contato que, em um primeiro momento, parece impedir a possibilidade de uma identificação direta por parte do espectador, dificultando assim a nomeação dessa experiência.
Nessa obra, essas figuras aparecem inicialmente na forma de uma grande sombra, que olha na direção do espectador com dois pequenos olhos vermelhos.
Em determinada cena, esse Ser é revelado sob uma luz mais intensa, e interage com personagens humanos, recebendo assim um certo sentido que lhe vai sendo atribuído nesse mesmo momento, e no decorrer do filme. Ainda assim, sempre que tal forma volta a aparecer, emana aspectos que, mesmo quando explicados, não parecem dar conta de sua total complexidade.
Tendo essa perspectiva de análise como interesse inicial, entrou-se em contato com a pesquisa do alemão Hans Ulrich Gumbrecht, que em sua obra Produção de presença, lançada em 2010 (ano mesmo do lançamento do filme de Apichatpong), trabalha com a ideia de que a experiência estética possui a potencialidade de se colocar de forma presente, como se trouxesse para perto uma ideia de materialidade da coisa em questão.
“[entendo] a palavra ‘presença’, nesse contexto, como uma referência espacial. O