"A polícia militar é nossa inimiga" - uma crítica a adesão da unesp ao caso usp
Rodolfo Paião de Campos *
“A PM é nossa inimiga” foi a pior frase já dita em manifesto à causa da USP. E foi assim que estudantes da UNESP de Assis “somaram” forças à campanha “PM fora do campus” ontem, 17, na cidade.
Primeiramente, gostaria de esclarecer que a presente opinião procura não abordar, embora seja um tanto inevitável, a real luta dos estudantes, agora não só da Universidade de São Paulo, e sim o posicionamento da classe estudantil em relação ao fato. Dessa forma, apesar de pertencer à classe, acredito que ao afirmar que a Polícia Militar é nossa inimiga estamos, em linhas gerais, errados.
Em segundo plano, não é invadindo reitorias e enfrentando tropas de choque que os estudantes garantirão qualquer tipo de autonomia, tampouco afirmando que a instituição paga por nós mesmos e por toda sociedade brasileira para garantir a segurança e a ordem pública é nossa inimiga. Ao ler isso, tenho certeza que muitos podem ter tido a vontade de pular para a próxima matéria, mas leiam mais um pouco, por favor.
A corrupção e as “decisões arbitrárias” da Polícia Militar que estampam capas de jornais e inspiram longas-metragens nacionais e internacionais nada tem a ver com a instituição em si, uma vez que as PMs são comandadas pelo governo de cada estado. Ou seja, será mesmo que a luta por “espaço do debate e da crítica social, da livre manifestação artística, da contestação da sociedade autoritária e desigual” e das tantas outras requisições dos estudantes, enfatizada pelos organizadores do manifesto em Assis, tem algo a ver com a presença militar nos campi públicos?
Infelizmente, é transparente que a Polícia Militar hoje é muito além do que um órgão de segurança pública dos estados. Que me perdoem os verdadeiros policiais que agora leem isso, mas a PM também um instrumento para conquista de interesses políticos. Desse ponto de vista, os crimes de estupro, homicídio e latrocínio registrados no campus da USP nesse ano, não poderiam