A polêmica do vestido e Política - análise filosófica
Em fevereiro de 2015 uma polêmica tomou conta das redes sociais. Tratava-se de uma foto de um vestido cuja cor variava dependendo da forma que a pessoa via. Essa foto dividiu pessoas do mundo inteiro em três grupos: as que viam o vestido branco e dourado; as que viam o vestido preto e azul e até pessoas que viam das duas formas. Segundo especialistas, tal confusão pode ser explicada pela maneira como o cérebro humano interpreta a luz que chega pela retina para transformá-la na imagem. No entanto, não foi a ilusão de ótica que tornou a discussão do vestido uma febre ao redor do mundo, e sim a inabilidade das pessoas que viam o vestido azul e preto de entender como alguém poderia vê-lo branco e dourado e vice-versa. Essa intolerância e falta de compreensão com outros pontos de vista pode ser percebida em diversas situações cotidianas e a polêmica do vestido é uma excelente oportunidade para refletir sobre isso. Uma das analogias que podem ser feitas é com a política.
Como pode um indivíduo ter plena convicção de que sua opinião política, seu candidato ou seu partido de preferência é o ideal, a ponto de querer convencer outros a pensar da mesma forma, se não se tem nem certeza das cores de um vestido?
A palavra política é derivada de polis que designa aquilo que é público. Se um indivíduo não pode confiar nem no que ele vê, é bem questionável que esse indivíduo possa vir a escolher o melhor representante para si mesmo e para a população, baseado apenas em suas próprias experiências e conclusões. O caso do vestido permite questionar diversos modelos políticos; em uma democracia, a população pode escolher seu governante, mas como isso é possível se eles não podem confiar em seus próprios sentidos? Já em uma ditadura, a situação é pior, um grupo de pessoas impõe hostilmente sua forma de ver o mundo a todos os outros. Como é possível esses indivíduos determinarem o melhor para a sociedade, se são