A politica na copa do mundo
A despeito disso, a política sempre insistiu em ganhar dividendos com o futebol. Na Copa de 1934, o lema da seleção da Itália fascista era "Vitória ou morte". Aí temos Benito Mussolini, Il Duce, o tirano típico. Ele criou slogans populares que acabaram determinando para o povo italiano, de certa forma, uma realização de desejos. "Pátria ou morte" é demasiado, mas está expresso aí um conflito de forma radical, e que serviu por muito tempo de orientação. Mussolini fez do futebol um sucedâneo de suas ideias, voltando às origens do futebol, fazendo com que o esporte pudesse ser a guerra sob outras formas. Mas, no futebol, a vitória não é a morte do adversário. A vitória é apenas a superação do adversário nos termos dele. Isso é a qualidade maior do jogo: uma proposta de enfrentamento, em termos reconhecidos por todos, com legislação bem integrada e reconhecida também, com arbitragem capaz de criar isenção ou por uma compreensão acima daquele conflito generalizado e suado.
Não se pode reduzir a realidade aos interesses da política ou de um líder político. Em 1978, por exemplo, na Copa da Argentina — eu estava lá —, vigia a ditadura militar do general Videla, que morreu no mês passado. Uma ditadura enérgica, brutal, como não tivemos aqui a rigor — embora não haja ditadura melhor que outra, vale frisar. E, mesmo