a politica atual
Desperdiçar horas (ou seriam apenas minutos muito longos?) em fila não é meu passatempo preferido. Mas encaro porque a vida também é uma sala de espera. Às vezes, você só entra no supermercado pra comprar um chocolatinho — e nem as 15 pessoas na fila de cada caixa fazem com que desista da mordida doce pós-almoço. Eu, quando entro numa fila, tento abstrair total. Me perco no meu pensamento com gosto: organizo minha agenda mental, faço a lista de convidados pra minha festa de casamento com Leonardo Di Caprio, escolho o modelo do vestido pra deixar o Leo feliz (tomara que caia não me favorece, sabe?), coisas necessárias mesmo e que podem ser decididas nesses 20 minutos ou menos de espera.
Mas tem um problema: pessoas que chegam depois de você e bufam. Por que a pessoas bufam, meu senhor? Eu adoraria ter a cara de pau e virar pra elas e dizer “assoprar assim com força não vai fazer as pessoas passarem mais rápido, meu amigo”. Eu não tenho coragem de fazer isso, sou cara de pau, mas nem tanto. O problema é que eu tenho um minigrau de maldade. Quem não tem? E aí decido fazer a vida da pessoa um pouco mais irritante naqueles minutinhos de espera. Não pense que é injusto, o fulano bufou e mandou Leonardo Di Caprio pra longe do meu pensamento, provavelmente o mandou de volta pra alguma modelo da Victoria’s Secret. Moral da história: fulano merece sofrer um tico também, oras.
E então a fila comigo à frente vira um pouco mais infernal. Faço questão de pedir CPF na nota fiscal paulista. Pedir CPF é mais ou menos como dar a deixa para o de trás bufar mais forte. Bufar nível ventania mesmo. Aí, como a vida é divertida, a moça do caixa se perde nos números do CPF, falo outra vez e lá vem bufada! Eu rio internamente, só que faço cara de distraída, óbvio. Dependendo, ainda faço mais uma perguntinha pra moça do caixa. Tudo isso leva apenas um minutinho a mais, mas para o fulano bufador é uma vida. Uma vida longa e tediosa, com