A POLISSEMIA DA NOÇÃO DE LEITURA
Ao iniciar a apresentação do livro, Eni Orlandi traz a “polissemia da noção de leitura”, ou seja, os vários sentidos que a palavra pode representar. Em seguida, esclarece que trabalhará nos artigos apresentados “com a ideia de interpretação e compreensão”.
A autora traz alguns pontos de reflexão que mantém no percurso do estudo da leitura (leitura trabalhada- e não ensinada; Sujeito-leitor tem suas especificidades e história; Há múltiplos e variados modos de leitura e por fim, a noção de que a nossa vida intelectual está relacionada com os modos e efeitos de leitura de cada época, cada tempo social.)
Ela questiona também o sentido de “legibilidade” de um texto, já explicitando que o ponto de partida para sua reflexão é o fato de que a leitura é produzida. Assim sendo, argumenta que “... não é uma questão de tudo ou nada, é uma questão de natureza, de condições, de modo de relação, de trabalho, de produção de sentidos, em uma palavra: de historicidade.” (p.9)
Haverá então, modos diferentes de leitura de acordo com o contexto. Como também, pode-se dizer que, os sentidos que fazem parte do texto, passam pelo que contém ali nele, mas também, passam pela relação com outros textos anteriormente vistos. Dessa forma, Orlandi alerta que “... a leitura pode ser um processo bastante complexo e que envolve muito mais do que habilidades que se resolvem no imediatismo da ação de ler. Saber ler é saber o que o texto diz e o que ele não diz, mas o constitui significativamente.” (p. 11)
Quanto ao processo de significação do texto, Eni traz o conceito de “relações de força”, que é explicado pelo lugar social dos interlocutores (os que falam e Lêem o texto), deixando claro que os sentidos deste, estarão determinados pela posição que os sujeitos envolvidos ocupam (os que emitem o texto, os que o lêem).