A Polifonia em Os Sertões: ”Polifonia e dialogismo: proposições que se complementam’’
Resumo: Este artigo trata das relações entre polifonia e dialogismo que agem no processo de interação. Da articulação dos elementos linguísticos e extralinguísticos que permitem abordar o discurso como uma prática humana, determinada pelos movimentos social, histórico e cultural. Enfatizam-se, no recorte teórico deste artigo, as formas dialógicas que interagem entre si, ao longo de toda narrativa. Para tanto, será utilizada nesta pesquisa a idéia de polifonia, dialogismo e intertextualidade presentes no teórico russo Mikhail Bakhtin.
Palavras chave: Dialogismo, polifonia, interação verbal
Introdução
A formação de Euclides da Cunha, positivista e determinista, leva-o a uma visão trágico-fatalista do sertanejo. A guerra e, depois, o extermínio dos canudenses são os últimos elos de uma cadeia de causas e efeitos. A ordem do livro anuncia-o: “A terra”, “O homem”, “A luta”. A seqüência não é gratuita. A terra e o homem explicam a luta. Neles se esconde a razão da guerra. Nestes capítulos, Euclides da Cunha lança o fundamento de sua explicação da chacina cruel. O fundamento de Euclides da Cunha, para analisar Canudos, é sua intencionalidade científica na qual, em forma de ensaio, a guerra é explicada através da conjunção de fatores geográficos, geológicos (a terra), sociológicos e biológicos (o homem) sobre os quais o cenário da luta é apresentado. Mesmo alicerçado sob premissas cientificistas, o drama sertanejo na visão euclidiana é baseado nas observações não de uma testemunha ocular dos fatos, mas de um autor que recolheu através de entrevistas, jornais, livros e diversas anotações, dados que possibilitaram reconstruir os episódios daquela tragédia épica.
Este estudo tratará de algumas questões teóricas relativas à elaboração e recepção de um texto, enquanto manifestação de um discurso visto sob uma perspectiva interativa, dialógica, no