A poesia na sala de aula
DIA 14 DE FEVEREIRO
Divulgação do concurso
“Textos de amor de Manuel António Pina”
http://www.museudaimprensa.pt/?go=semnam
Os treze anos
Cantilena
Já tenho treze anos, que os fiz por Janeiro: madrinha, casai-me com Pedro Gaiteiro. Já sou mulherzinha; já trago sombreiro, já bailo ao Domingo com as mais no terreiro. Já não sou Anita, como era primeiro; sou a Senhora Ana, que mora no outeiro. Nos serões já canto, nas feiras já feiro, já não me dá beijos qualquer passageiro. Quando levo as patas, e as deito ao ribeiro, olho tudo à roda, de cima do outeiro. E só se não vejo ninguém pelo arneiro, me banho co’as patas Ao pé do salgueiro. Miro-me nas águas, rostinho trigueiro, que mata de amores a muito vaqueiro. Miro-me, olhos pretos e um riso fagueiro, que diz a cantiga que são cativeiro. Em tudo, madrinha, já por derradeiro me vejo mui outra da que era primeiro. O meu gibão largo de arminho e cordeiro, já o dei à neta do Brás cabaneiro, dizendo-lhe: "Toma gibão domingueiro, de ilhoses de prata, de arminho e cordeiro." A mim já me aperta, e a ti te é laceiro; tu brincas co’as outras e eu danço em terreiro. "Já sou mulherzinha; já trago sombreiro, já tenho treze anos, que os fiz por Janeiro. Já não sou