A poesia multifacetada de fernando pessoa

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Para analisar a poesia de Fernando Pessoa é preciso primeiro identificar a qual heterônimo ela pertence para então contextualizá-la de acordo com o seu projeto poético e características específicas.

Alberto Caeiro é mestre de todos os outros heterônimos, é o poeta do real e das sensações, diz que a realidade é para ser sentida e não compreendida, ou seja, o entendimento do real se dá pela percepção e não pela razão como ilustra o trecho “Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la”. A sua poesia utiliza poucas figuras de linguagem, o método mais utilizado é a comparação. Compara a sua poesia com a natureza, nela não há rimas e é como se fosse algo que surge das sensações que o poeta sente ao acaso, pois a única verdade é aquela que vem da sensação.

Fernando Pessoa ipse é o primeiro discípulo de Caeiro, assim como seu mestre, busca a realidade em sua concretude absoluta, porém há um traço religioso cristão em seus poemas. Na poesia “Passos da Cruz XIII” ele demonstra esse traço, existe uma missão que ele tem que fazer a mandato de Deus a quem ele se chama de “Rei”, mas não sabe se Ele realmente existe. Mas não importa se acredita ou não, ele experimenta as sensações que lhe são proporcionadas.

Já o segundo discípulo de Caeiro, Ricardo Reis, é o poeta clássico que aprendeu com o seu mestre uma lição do paganismo espontâneo, recorre a mitologia greco-romana, propõe uma filosofia de acordo com o epicurismo, defende os prazeres do momento todavia não cede aos impulsos do instinto e não se deixa levar pelos desejos, isso o torna um poeta triste em sua essência. A sua poesia, diferente da dos outros, faz a submissão da expressão ao conteúdo e assim como os poetas clássicos, acredita que uma ideia perfeita corresponde a uma expressão perfeita. Além disso, utiliza diversas figuras de linguagem e dá demasiada importância ao ritmo.

Apesar de diferentes em suas estruturas, compreendemos que os três projetos poéticos de Fernando Pessoa buscam a mesma coisa interiormente

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