A planificação socialista em cuba
Marcelo Dias Carcanholo∗ Paulo Nakatani∗∗
RESUMO: Este artigo discute as relações e as divergências entre o mercado e a planificação socialista. Ele parte de uma crítica às teses da necessidade do mercado para a construção de uma economia socialista e discute duas formas diferentes de planificação, que foram confrontadas na experiência cubana, na primeira metade dos anos sessenta. Uma delas de inspiração soviética, conhecida como o cálculo econômico, implantada em todos os países do leste europeu e a outra, criada por Che Guevara, chamada de sistema orçamentário de financiamento, foi utilizada parcialmente no período em que Che foi o Ministro das Indústrias. Palavras-chave: Socialismo de mercado, planificação socialista, sistema orçamentário de financiamento.
1 - Planificação socialista X mercado: impossibilidade "lógica" do socialismo de mercado. O problema das relações entre a planificação socialista e o mercado tem início com a revolução russa em 1917. Desenvolve-se com a NEP (Nova Política Econômica)1 no início dos anos vinte do século passado e continua até os dias atuais2. De qualquer modo, a questão continua em aberto, quase um século depois. Do ponto de vista teórico, praticamente não há consenso sobre o papel da lei do valor no processo de transição ou durante a fase de transformação socialista. Em termos históricos, as diferentes experiências mostraram que a introdução e a manutenção das leis de mercado, junto com a planificação, conduziram a União Soviética ao colapso e a sua reconversão ao capitalismo e, ao que tudo indica, é o caminho que está sendo seguido pela China, Coréia e Vietnã. Pelo menos até o momento, segundo informações que dispomos, Cuba é o único país no qual o governo rejeitou formalmente o socialismo de mercado. Em 1926, Preobrajensky escrevia que pela lei do valor “... nosso passado nos pressiona, esforçando-se obstinadamente em se manter no presente e de fazer