A Percep O De Forma De Um Espa O 2
A forma que se desenha exerce forte influência sobre o modo como o artista distribui as formas e os espaços dentro das margens dessa superfície. Todo artista experiente compreende perfeitamente a importância da configuração do formato. As margens do papel, que limitam espaços negativos e positivos, causam problemas de composição para quase todos os alunos principiantes de desenho.
A percepção infantil das margens limítrofes do formato dita a maneira pela qual elas distribuem formas e espaços, e as crianças produzem, muitas vezes, composições quase impecáveis. Infelizmente essa aptidão desaparece à medida que as crianças chegam à adolescência, talvez devido ao crescente domínio do hemisfério esquerdo, dada a inclinação desse último no sentido de identificar, nomear e caracterizar objetos. A preocupação com as coisas parece suplantar a visão mais holística do mundo que caracteriza as crianças, um mundo em que tudo é importante, inclusive os espaços negativos do céu, do chão e do ar.
O hemisfério esquerdo não sabe dar nome a espaços vazios, não sabe identificá-los, classifica-los em categorias conhecidas ou representa-los por meio de símbolos pré-fabricados. Os espaços vazios parecem aborrecer o hemisfério esquerdo, que se recusa a lidar com eles. Estes são, portanto, passados ao hemisfério direito. O hemisfério direito, aparentemente, não se sente aborrecido com espaços: é mais flexível, mais democrático. Para o hemisfério direito, os espaços e objetos, o conhecido e o desconhecido, o nominável e o inominável são todos iguais.
Quando desenhamos as formas dos espaços, o objeto é também desenhado inadvertidamente, mas com facilidade. E atribuindo aos espaços a mesma importância das