A pele do lobo
A PELE DO LOBO Artur Azevedo
Comédia em um ato Escrita em 1875 e representada pela primeira vez no Rio de Janeiro, no Teatro Fênix Dramática, em 10 de abril de 1877 A ANTONIO FONTOURA XAVIER
PERSONAGENS CARDOSO - subdelegado AMÁLIA - sua mulher APOLINÁRIO PERDIGÃO JERÔNIMO MANUEL MARIA VITORINO O COMPADRE UMA PARTE Dois soldados da polícia
A cena passa-se no Rio de Janeiro Atualidade.
Ato Único Sala, secretária, relógio de mesa, etc., etc. Cena I CARDOSO, AMÁLIA (Vestidos para a cerimônia e prontos para sair.) UMA PARTE (Que logo sai, à porta do fundo.) CARDOSO - Sim, senhor; sim,. senhor! Pode ir com Deus. Descanse, que hoje mesmo serão dadas as providências que o caso exige. PARTE - Às ordens de Vossa Senhoria. (Retira-se.) CARDOSO - Safa! AMÁLIA (Erguendo-se.) - Deixar-te-ão desta vez? CARDOSO- E metam-se! AMÁLIA - Hein? CARDOSO - E metam-se a servir o país! AMÁLIA - Para que aceitaste esta maldita subdelegacia? CARDOSO (Ainda passeando.) - Eu não aceitei: pedi. Mas já tenho dito um milhão de vezes que os serviços prestados ao país e ao partido pesam muito no ânimo daqueles que me podem fazer galgar mais um degrau na escala social. AMÁLIA - Deixa-te disso, Cardoso; um degrau dessa tão falada escala