A Pedagogia do Spray 4
Entre a realidade e a fantasmagoria: a identidade
“A cidade não é só o lugar do parecer, mas do aparecer...” (Armando Silva)
A proposta deste capítulo é interpretar os signos da identidade da cidade e dos jovens grafiteiros, a partir do seu depoimento e das suas formas de atuação, tendo em vista a recorrência de certas temáticas no grafite urbano. Para tanto, proponhome à leitura das imagens de algumas produções, registradas fotograficamente
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0212111/CA
durante o trabalho de campo, em relação à fala dos informantes da pesquisa.
“As imagens, assim como as histórias, nos informam. Aristóteles sugeriu que todo processo de pensamento requeria imagens. (...) para aqueles que podem ver, a existência se passa em um rolo de imagens que se desdobra continuamente, imagens capturadas pela visão e realçadas ou moderadas pelos outros sentidos, imagens cujo significado (ou suposição de significado) varia constantemente, configurando uma linguagem feita de imagens traduzidas em palavras e de palavras traduzidas em imagens, por meio das quais tentamos abarcar e compreender nossa própria existência. As imagens que formam nosso mundo são símbolos, sinais, mensagens e alegorias. Ou talvez sejam apenas presenças vazias que completamos com o nosso desejo, experiência, questionamento e remorso. Qualquer que seja o caso, as imagens, assim como as palavras, são a matéria de que somos feitos.”
(MANGUEL, Alberto. 2001: p. 21)
Ao discutir a realidade e a fantasmagoria busco compreender naquilo que os informantes chamam de identidade visual as imagens que os jovens fazem de si mesmos e da própria cidade. Nesse sentido ressalto o aspecto indumentário, os estilos, os estímulos nervosos, as concepções sobre o trabalho, a descontinuidade do seu tempo, a experiência com as substâncias tóxicas, os cenários urbanos, as faces do homem da metrópole e a própria organização social dos grafiteiros.
Muito há que se observar nos grafites. Por sua vez, há muito a ser