A PATA DA GAZELA
Considerada "A Cinderela da literatura brasileira" narra em terceira pessoa (narrador onisciente), um romance vivido na alta roda carioca, repetindo a velha fórmula do triângulo amoroso.
Na rua da quitanda estavam Laura e Amélia em seu tílburi à espera do seu empregado. Na rua, Leopoldo observava-as. Laura estava impaciente e quando o criado se aproximou ela o apressou. O embrulho que ele trazia estava bem amarrado, mas na pressa de subir no veículo, o pacote se abriu e, sem que se notasse, um par das botinas ficaram caídas no chão. Horácio, um dos mais cobiçados moços da sociedade, um “leão da moda”, pegou a botina que estava na calçada, mas não pôde devolver, visto que o tílburi já tinha partido.
Logo no coração de Leopoldo e de Horácio nasceu o amor. Mas era diferente no coração de cada um. O primeiro se encantou com a alma da moça que viu de relance, na verdade desconhecia sua imagem, porém a amava. Já o segundo, um conhecedor de cada item que compõe as mulheres, se encantou pelo pé desconhecido que calçava aquela botina tamanho 29, e já o considerava o maior dos mimos.
Assim, os dois se lançaram em busca da amada e da dona dos lindos pés. Leopoldo acabou revendo-a no teatro, onde a sua amada alma assumiu forma física. Depois a viu na rua, como que fugindo de seu olhar, com pressa ela subiu em seu tílburi e assim Leopoldo teve um vislumbre dos pés de sua amada. Eram deformes e horrorosos. Isso provocou um desencanto imediato. Na sapataria confirmou sua suspeita, pois lá viu as fôrmas que serviam de molde ao sapateiro, tendo a certeza da deformidade que sua amada levava consigo.
Horácio também estava em busca da dona da botina. Assim como Leopoldo, ele viu Amélia e Laura no teatro, sendo que a segunda fugia de seu olhar. A primeira ele encontrou algumas vezes na rua e admirou seu gracioso andar e depois vendo o rastro que ela deixava ao lado do das amigas na areia do passeio público, teve a convicção de que era Amélia a dona dos