A Par Dia Em Caim
A paródia em Caim de José Saramago
Resumo: Este texto foi elaborado como trabalho final da disciplina “Fundamentos do dialogismo para o estudo do discurso literário”. Nosso objetivo é analisar na obra Caim a relação dialógica que esta tem com a Bíblia Sagrada, para tanto faremos uso do conceito de paródia trabalhado por Mikhail Bakhtin.
A paródia em Caim de José Saramago
Introdução
Tudo o que pensamos, fazemos, falamos ou escrevemos tem a ver com o que muitos pensaram, fizeram, falaram ou escreveram. Sobre este fenômeno Bakhtin nos diz que Em todos os seus caminhos até o objeto, em todas direções, o discurso se encontra com o discurso de outrem e não pode deixar de participar, com ele, de uma interação viva, tensa.
(BAKHTIN, 2008, p. 88)
Da mesma forma, ainda que inconscientemente, os textos produzidos resultam da influência maior ou menor, mais óbvia ou imperceptível, de outros textos. Este fenômeno dialógico é trabalhado por Bakhtin como interdiscursividade.
Outros
estudiosos,
como
Julia
Kristeva,
utilizam
a
nomenclatura
intertextualidade para esse diálogo entre textos. Esse termo foi cunhado Kristeva na década de 1960. Hoje esse conceito é estudado sob a ótica de diversas teorias como a
Análise do Discurso, a Literatura Comparada, a Linguística Antropológica e a
Linguística Textual, que têm o texto como um objeto que “não existe nem pode ser avaliado e/ou compreendido isoladamente” (KOCH, 2008, p. 9).
Esse diálogo, ou retomada de um texto, pode ocorrer das mais variadas formas e, justamente por tomar extensões diferentes, nem sempre são fáceis de serem detectadas.
Em todo caso, há algumas formas de intertextualidade mais fáceis de serem identificadas, como a paráfrase, a citação, a alusão, o pastiche, a referência.
Para efeito de análise, detemo-nos com o propósito de examinar a intertextualidade em forma de paródia, um tipo de processo intertextual em que o texto original perde a sua ideia básica, seu fio condutor. Bakhtin