A Palavra E A Crian A
Denise Maria Soares Lima
RESUMO
O artigo tem como objetivo geral identificar professores do Ensino Médio do Distrito Federal acerca de como ocorrem as relações étnico-raciais no espaço escolar, focando os adolescentes/jovens e quais as suas consequências no processo de aprendizagem e interação, particularmente para os estudantes negros. De maneira específica, pretende-se: (1) analisar a relevância da educação para as relações étnico-raciais à luz da Lei 10.639, publicada em 9 de janeiro de 2003, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LBD) e (2) refletir sobre a necessidade do estudo da cultura e história afro-brasileira para o reconhecimento e valorização das pessoas negras, destacando especialmente a importância desse processo no período da adolescência. Trata-se de uma pesquisa de mestrado, em andamento, com base em uma metodologia quali-quantitativa por meio de aplicação de questionário e entrevistas semiestruturada com os docentes.
Palavras-chave: Relações étnico-raciais. Adolescência. Lei n.10.639/2003. Políticas Educacionais.
Introdução
Frantz Fanon, um dos estudiosos pioneiros sobre as questões raciais no campo das ciências psíquicas, escreveu que “uma criança negra, normal, tendo crescido no seio de uma família normal, tornar-se-á anormal ao menor contacto com o mundo branco” (FANON, 1983, p. 121). Essa proposição contundente, escrita em 1951, ainda hoje produz indignação dado o conjunto de significados e significantes trazidos: criança – negra – normal – seio – família - contacto - anormal – mundo branco. Cada um desses termos individualmente considerados contém uma carga semântica complexa, mas não tão intrigante como a forma que juntos foram encadeados pelo autor.
Em face disso, indaga-se: Por que dizer criança negra normal em oposição ao mundo branco que irá torná-la anormal pelo contato? Por que elege a figura infantil? Qual a causa do ponto de vista