A paixão no banco dos réus
Com a experiência de sua carreira no Ministério Público de São Paulo, diz que a paixão não basta para produzir o crime e, embora possa explicá-lo, não justifica o assassinato. A dupla caminhada ao cemitério e ao banco dos réus é o fim lógico da paixão insensata.
Um intervalo de 123 anos separa a primeira da última narrativa de 14 casos verídicos. No Maranhão de 1873, o desembargador Pontes Vesgueiro, sexagenário, cortou a punhaladas a vida breve da jovem Mariquita. No virar do milênio em Ibiúna (SP), o jornalista Antonio Marcos Pimenta Neves, igualmente sexagenário, abateu a tiros Sandra Gomide, com a metade de sua idade, também jornalista.
O drama de tantas mortes ocupa uma parte da obra. Luiza oferece dois acréscimos: a teoria dos delitos passionais e a entrevista com o criminalista Valdir Troncoso Peres, no confronto das valorizações profissionais do advogado e da promotora.
Nem sempre são velhos matando moças indefesas. A marca da paixão mal vivida exibe o ciúme, o adultério ou a violência irracional. O ciumento é irracional. Persegue incessantemente a verdade que, se descoberta, o fará sofrer. Não descansa. O grande pintor Almeida Junior morreu assim. Seu primo, José de Almeida Sampaio, sozinho, de visita na casa do artista, bisbilhotou suas gavetas e encontrou um bilhete amoroso que sua mulher, Maria Laura, havia mandado ao pintor. Matou-o com facada certeira. Foi absolvido. Era o tempo da defesa da honra, da violenta emoção, excludentes da punibilidade. Luiza é firme na crítica ao autor do crime passional, que age pela necessidade ilimitada de dominar.
Há, no livro, exemplos de todas as paixões. Há homicídios misteriosos (o do Sacomã, atribuído ao tenente Bandeira) e mortes de responsabilização imediata (Dorinha Duval matando o marido num repente de discussão e violência). São vidas de paixão e ódio, como na ligação