a origem das moléculas orgânicas na Terra
Edição: David Vitor Da silva anjos
O intenso trabalho experimental realizado por vários biólogos na primeira metade do século 20 culminou no desenvolvimento de uma nova disciplina, a Biologia Molecular. Etapa crucial desta investigação ocorreu em 1953, quando Watson e Crick propuseram a estrutura de dupla hélice para a molécula de ADN (ácido desoxirribonucléico), estabelecendo assim a base molecular para a hereditariedade. Uma molécula formada por duas fitas complementares explicaria sua capacidade de auto-replicação e, conseqüentemente, a reprodução dos caracteres hereditários.
Este evento, juntamente com os desenvolvimentos que se seguiram, estabeleceu o que se conhece como dogma central da Biologia Molecular: o ADN dirige sua própria replicação e transcrição, formando uma seqüência de ARN (ácido ribonucléico) complementar; a tradução do ARN na seqüência correspondente de aminoácidos garante a expressão desses caracteres graças à síntese de proteínas.
Em 1970, em seu livro O acaso e a necessidade, Jacques Monod (1910-1976) fez uso da metáfora de “programa genético” para tratar as então recentes descobertas dos mecanismos de hereditariedade, para as quais ele, juntamente com François Jacob e seus alunos, tanto contribuíram.
Embora o esclarecimento da estrutura da molécula de ADN, associada à noção de programa genético, esteja na base da investigação da química pré-biótica, deve-se esclarecer que a pesquisa genética nos últimos anos modificou substancialmente o conceito de gene, como foi brilhantemente evidenciado por Evelyn Fox Keller no livro O século do gene.
Sob o prisma da origem da vida, o uso da noção de programa genético implica compreender o aparecimento do primeiro programa, buscando reproduzir em laboratório as supostas condições físico-químicas da Terra que permitiram tal fato.
A investigação experimental do tema se baseia nas propostas desenvolvidas de forma independente pelo botânico russo