A ordem
Luciana Meire da SILVA[1]
Resumo: Neste trabalho analisamos sociologicamente o pensamento de Monteiro Lobato (1882 – 1948) a partir dos textos “Velha Praga” e “Urupês” escritos em 1914 e publicados pela primeira vez no livro Urupês em 1918. Monteiro Lobato revela-se um leitor de Euclides da Cunha e Manoel Bomfim no que diz respeito a construção da ideia de povo civilizado e não civilizado, de atraso e progresso. Em “Urupês” Monteiro Lobato cria o personagem Jeca Tatu e influenciado pelo pensamento positivista e evolucionista expressa o que julga serem as características do caboclo brasileiro em inícios do século XX: feio, bruto, ignorante, preguiçoso e incapaz de produzir qualquer tipo de produto vendável no mercado. Lobato compara a mão de obra nacional com a do imigrante, este sim apto para ocupar o lugar de destaque na nacionalidade porque tem a disciplina do trabalho e considerado uma raça superior não degenerada por “misturas nefastas”. Podemos afirmar que uma das razões do sucesso perante o público leitor do personagem Jeca Tatu está vinculada a esta questão: Lobato confere identidade a este sujeito que era ausente de conceito na sociedade brasileira, e esta categoria até aqui inominada passa a ser vista, percebida, discutida e entendida no contexto da economia nacional. Monteiro Lobato cria um nome para este sujeito e o seu conceito unifica os vários significados e essas ideias foram de ampla aceitação, divulgação e circulação em todo o país.
Palavras-chave: Pensamento social brasileiro, Brasil Rural, Monteiro Lobato.
Abstract: This paper aims at sociologically analyzing Monteiro Lobato (1882 – 1948)’s thought from “Velha Praga” and “Urupês” texts written in 1914 and published for the first time in Urupês book in 1918. Monteiro Lobato reveals himself a Euclides da Cunha and Manoel Bomfim’s reader in relation to the idea construction of a civilized and uncivilized people, back wardness