A OBRA TARDIA DE LUKÁCS E OS REVEZES DE SEU ITINERÁRIO INTELECTUAL
■ RESUMO: O objetivo principal do presente artigo é indicar as principais características da obra tardia de G. Lukács, em especial, Para uma Ontologia do Ser Social.Pretende-se ainda tecer alguns comentários sobre sua trajetória intelectual
Segundo Tertulian (1971, p.15), Lukács se tornou a personalidade mais marcante da cultura marxista contemporânea. A esse respeito, na introdução do ensaio “O que é Marxismo Ortodoxo” (1919), publicado em história e Consciência de Classe (1923), ainda segundo Tertulian, Lukács formulou uma tese que revelou a sua orientação teórica básica desde o tempo de transição ao marxismo. Nele se referiu às discussões que animavam os círculos intelectuais da época em torno da definição autêntica de “marxismo ortodoxo”. Em sua tese, ele ustentava que um marxista sério poderia aceitar,em princípio, a título de hipótese, a inexatidão de todas as afirmações particulares de Marx e reconhecer a necessidade de substituí-las por novos resultados da pesquisa sem deixar um só instante de ser um marxista ortodoxo.Afirmação paradoxal que representava uma atitude polêmica diante de uma concepção “dogmática” do marxismo. O marxismo autêntico não podia ser identificado a uma adesão e a uma fidelidade automáticas aos resultados da pesquisa de Marx, à “fé” em uma tese ou em outra, à exegese de uma criação “sagrada”. Em se tratando do marxismo, a ortodoxia tinha exclusivamente a ver com o problema do método. Distinção que poderia parecer muito sutil ou simplesmente não fundamentada. Mas a afirmação tinha por objetivo sublinhar a dimensão filosófica do marxismo. Enfim,Lukács revelava uma recusa à tese da infalibilidade de toda certeza de tipo dogmático ou escolástico. Assim, em princípio todo resultado particular da pesquisa é suscetível de ser completado, modificado ou enriquecido. A ortodoxia em matéria de marxismo significava afirmar que Marx havia encontrado um método de pesquisa