A obra de Eladio Dieste
Sulamita Fonseca Lino
Igreja em Atlântida,Uruguai. Eng. Eladio Dieste, 1952/58
Foto Abilio Guerra
Eladio Dieste produziu uma obra de caráter único, em vários países da América Latina, a partir de uma opção construtiva simples, o tijolo cerâmico, que usado com um profundo conhecimento estrutural possibilitou a construção de uma arquitetura com formas ousadas, onde espaço e estrutura são indissociáveis.
O período no qual a obra de Dieste foi produzida, a segunda metade do século XX, foi um momento bastante particular da arquitetura na América Latina, quando ocorreu a difusão do Movimento Moderno, e consequentemente da tecnologia do concreto armado, e trabalhos de arquitetos Niemeyer, no Brasil, Villanueva, na Venezuela, Bonet, no Uruguai, entre outros, foram divulgados amplamente no cenário internacional. E aí está uma posição de Dieste, rara e talvez única; ele foi reconhecido também no cenário internacional (2) por uma obra que, ao optar por técnicas e condições de construção locais, se diferenciava do Movimento Moderno uma vez que esse trabalhava com técnicas e conceitos desenvolvidos nos países centrais.
Nesse panorama amplo e diversificado, Dieste apresentou, em seus textos, várias questões importantes, por seu caráter crítico, sobre construção e arquitetura como: a importação de técnicas construtivas dos países centrais; o esquecimento, por parte dos construtores latinos, das tecnologias mais antigas; a supervalorização do projeto (e do desenho) de arquitetura em detrimento do processo de construção, entre outras. Em oposição a isso, ele colocou a pesquisa e o desenvolvimento da construção em tijolo como um caminho que resolveria grande parte desses questionamentos.
Assim, a partir do trabalho de Eladio Dieste, tanto teórico quanto construído, é possível traçar caminhos alternativos na maneira de se pensar e construir a arquitetura latino-americana.
Construção e projeto
Um dos