A noção de progresso em Freud: do desenvolvimento do indivíduo ao da civilização
THE NOTION OF PROGRESS IN FREUD: FROM THE INDIDUAL’S TO THE CIVILIZATION’S DEVELOPMENT
Resumo
A psicologia possui uma grande instabilidade epistemólogica, sendo reduzida ora a um ramo da biologia ora a um ramo da sociologia. Para contrapor-se a esse reducionismo, pretendeu-se nesse trabalho examinar a noção de progresso subjacente à teoria de desenvolvimento desenvolvida por Freud, comparando-a com a que subjaz a análise social desenvolvida pelo mesmo autor em “O Mal-Estar na Civilização”. Concluiu-se que ambas possuem fortes semelhanças, com uma concepção de progresso na qual os conflitos primitivos possuem estatuto permanente e atravessam toda a evolução, seja do indivíduo, seja da civilização.
PALAVRAS-CHAVE: progresso; desenvolvimento; Freud; psicanálise; civilização
Abstract
Psychology has a great epistemological instability, being reduced now to a branch of biology now to a branch of sociology. To counteract this reductionism, this work was intended to examine the notion of progress underlying the development theory developed by Freud, comparing it with the underlying social analysis developed by the same author in "Mal-Estar na Civilização". We conclude that both have strong similarities with the design of progress in which early conflicts have permanent status and pass through the whole evolution, of individual and of civilization.
KEY-WORDS: progress; development; Freud; psychoanalysis; civilization
A psicologia, dentre as áreas do conhecimento, pode ser caracterizada como uma das de maior instabilidade epistemológica. Esta instabilidade decorre do fato de ela se encontrar numa espécie de fronteira entre as ciências humanas e as ciências biológicas. Nessa fronteira, frequentemente caímos no equívoco de reduzir a psicologia a um ramo ou da sociologia ou da biologia, ignorando a especificidade