A nova questão social
Resumo
A nova questão social
Castel, Robert
Brasília-DF, 26 de agosto de 2011
A NOVA QUESTÃO SOCIAL
A questão da exclusão que há alguns ocupa o primeiro plano é um de seus efeitos, essencial sem nenhuma dúvida, mas que desloca para a margem da sociedade o que a atinge primeiro o coração. O salariado acampou durante anos às margens da sociedade, instalando se permanentemente subordinado depois.
A novidade não é só a diminuição do crescimento, nem mesmo o fim do quase pleno emprego, a menos que se veja ai uma manifestação de uma transformação do papel de “grande integrador” desempenhado pelo trabalho. O trabalho e mais do que o trabalho e, portanto o não trabalho é mais que o desemprego. O reaparecimento de um perfil de “trabalhadores sem trabalho” que Hannah Arendt lembrava, os quais, ocupam na sociedade um lugar de supranumerários, de “inúteis para o mundo”.
Para evitar tanto as tentações do profetismo como as do catastrofismo, vai-se começar pela tentativa de avaliar a amplitude exata das mudanças ocorridas em vinte anos e depois o alcance das medidas tomadas para enfrentá-las.
Este trabalho pretende ser essencialmente analítico, e não tem ambição por propor uma solução miraculosa. O tratamento da questão numa perspectiva histórica permite dispor de algumas peças para recompor um novo quebra-cabeça.
A história mostra que a gama dos recursos de que os homens dispõem para enfrentar seus problemas não é infinita. Se é fato que nosso problema hoje é continuar a construir uma sociedade de sujeitos independentes, então e possível ao menos indicar algumas condições a serem respeitadas.
Uma ruptura e trajetória
Essencialmente, é uma representação do progresso que talvez tenha sido levado pela “crise”. Trata-se de uma herança eufemística do ideal revolucionário de um domínio completo do homem sobre seu destino através da ambição de fazer entrar,