A Nova Política
Renato Janine Ribeiro
O que será esta nova política? Caracterizo-a por alguns traços básicos:
1) do ponto de vista dos meios utilizados, são os mais avançados. A informática e, sobretudo, a Internet constituem seus instrumentos por excelência. Mas não se trata de meras técnicas, de simples meios a serviço de fins que continuariam sendo os mesmos do passado;
2) e isso porque a articulação das pessoas entre si, a formação de seus elos sociais, não está mais determinada por meios do passado, que se concentravam em torno de uma idéia-chave, a de interesse, geralmente econômico. Este continua tendo seu peso, mas que diminui cada vez mais;
3) assim, vão perdendo sua importância relativa – embora continuem existindo – as instituições pesadas, permanentes, sólidas, como partidos, sindicatos, associações de defesa de interesses precisos, lobbies; 4) e vão crescendo, e aumentando seu peso relativo na cena política, ainda que sem eliminar as instituições pesadas e sólidas, outros elos sociais, mais leves, até mesmo mais fracos, mais montados em algo ambíguo, que ainda não sabemos em que medida chamar de ideal, em que medida chamar de desejo;
5) tudo isso se ligando a uma alteração significativa nas identidades. Até um tempo atrás, cada pessoa se situava na sociedade a partir de uma identidade principal claramente determinada. Podia ser sua profissão, no caso de um homem, a condição de dona de casa, no caso da mulher, a religião ou opção política, em certas situações – mas sempre havia um foco central a identificar cada um. Hoje, não há mais. Desenvolveremos, neste prefácio, o que é esta nova política e de que modo ela contrasta com suas antecessoras, a política antiga e a moderna.
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A política que chamamos dos antigos é essencialmente a de Atenas e Roma. Na verdade, ela beneficiava, no apogeu da forma democrática em Atenas e da republicana em Roma, poucas dezenas de milhares de pessoas. Em contraste, a China da mesma época reunia muitos milhões de