A neutralização da culpa
Fonte: Revista Veja: 21 de fevereiro de 2007. Autor: Julia Duailibi. Pg. 66 - 69 De tempos em tempos, práticas criadas para reduzir a degradação do meio ambiente ganham notoriedade especial. Com o passar dos anos, algumas conquistam mais solidez e a atenção quase exclusiva das pessoas. Dois exemplos recentes são a febre de consumo de alimentos orgânicos e a "neutralição” (veja o quadro 1) uma invenção de economistas, especialistas em barganhas. A barganha do "comércio verde" é baseada na idéia de que quem polui a atmosfera pode e deve fazer alguma coisa para compensar, ou neutralizar, a agressão. Em geral, isso se resume a plantar uma árvore. Entre todos os poluentes da atmosfera, o principal alvo da neutralização é o dióxido de carbono (CO2), gás responsável por impedir a dissipação para o espaço das ondas de calor resultantes da reflexão da luz do sol sobre a superfície do planeta. O metabolismo de plantas na etapa de crescimento consome grande volume de CO2. A árvore, então, mantém o carbono aprisionado em sua estrutura por décadas ou até morrer ou ser cortada e transformada em carvão.
Quadro 1: Poluição neutra:
O que é: È obrigatória Quem inventou? Como se calcula? É uma espécie de compensação. Para cada tonelada de dióxido de carbono que seu carro, sua fábrica ou seu avião emitirem, você encarrega uma empresa ou ONG de plantar árvores em número suficiente para absorver o gás produzido. Não. Empresas e pessoas fazem isso voluntariamente para tentar reduzir o efeito estufa e/ou como ação de marketing. No entanto, alguns governos já exigem a neutralizaçào de eventos promovidos em áreas públicas. A empresa inglesa CarbonNeutral (originalmente chamada Future Forests), em 1997. Foi criado um fator de emissão de carbono, índice que calcula o CO2 posto em circulação para cada atividade. Esse fator é multiplicado pelo consumo de energia elétrica ou litros de combustíveis fósseis. O resultado é convertido em árvores de acordo com o tipo de