A Neocristandade e o esforço para contruir uma nação cristã
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A Neocristandade e o esforço para contruir uma nação cristãIntrodução
Ao longo de todo o período em que o Brasil foi Colônia de Portugal e, mesmo depois da independência, durante o período monárquico, o catolicismo romano foi a religião oficial do Estado. A Constituição de 1824, promulgada dois anos após a independência, manteve o catolicismo como como religião oficial, mas deu mais espaço às outras religiões, permitindo o culto a elas em espaço particular e doméstico1. Assim, desde a independência, pôde-se notar o fortalecimento de outras religiões, ainda que com muitas restrições práticas no âmbito público. Já a Constituição de 1891, promulgada também dois anos após a queda do império e início do regime republicano, estabeleceu a separação entre a Igreja e o Estado2.
Logo no início do século XX, teve início no Brasil, assim em outros países como era o caso de Portugal, um movimento de restauração católica, que contava com a participação de intelectuais, religiosos e fiéis e tinha como objetivo discutir e colocar em prática questões como a implementação da ordem, o retorno do catolicismo como a religião oficial, a sacralização da política e a politização do clero (MOURA, 2012, p. 1).
Portanto, o objetivo deste trabalho é fazer uma análise deste movimento de restauração católica a partir da carta pastoral de D. Leme aos fiéis de Olinda e Recife e outros escritos, a fim de compreender quais eram as pretensões do movimento e compreender as características da nação cristã que estes intelectuais ansiavam construir.
O movimento de restauração católica no Brasil
O Movimento de Restauração Católica no Brasil teve início com a publicação da Carta Pastoral de Dom Leme, ao assumir a Arquidiocese de Olinda em 1916, fonte que nos servirá como base para o desenvolvimento deste trabalho. Vemos a seguir uma passagem de extrema importância de tal carta:
Somos a maioria absoluta da nação. Direitos inconcussos nos assistem com relação à sociedade civil e política,