A necessária frugalidade dos idosos
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A necessária frugalidade dos idosos The necessary frugality of the elderly
Carlos Dimas Martins Ribeiro Fermin Roland Schramm 2
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Abstract
1 Centro de Ciências da Saúde, Universidade Severino Sombra, Vassouras, Brasil. 2 Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil. Correspondência C. D. M. Ribeiro Rua Cândido Mendes 76/304, Rio de Janeiro, RJ 20241-220, Brasil. dimasribeiro@cremerj.com.br
Introdução
Os principais conflitos morais da atualidade decorrentes das modalidades de alocação dos recursos públicos para a saúde podem ser definidos fazendo referência a três características dos sistemas de saúde: (1) o progresso biomédico, que tem contribuído para proporcionar um significativo aumento da duração da esperança de vida, dos anos de vida efetivamente vividos e de sua qualidade, mas que tem acarretado um acréscimo dos custos econômicos necessários para satisfazer tais expectativas para todos 1; (2) a concepção contemporânea de saúde, ao mesmo tempo entendida como qualidade de vida 2, cuja principal conseqüência foi a de ampliar os direitos das pessoas, o que exige, praticamente e de modo progressivo, mais recursos do Estado (ou de outras instituições sociais que venham a substituí-lo) para satisfazê-los, trazendo, no entanto, preocupações relativas à possibilidade, ou não, de mobilizar os recursos necessários para satisfazer todas as demandas qualificadas da população 1; (3) a vigência de uma diversidade moral difusa nas sociedades democráticas e complexas contemporâneas – como é o caso da sociedade brasileira –, caracterizáveis pela secularização e o pluralismo moral de suas instituições, nas quais encontramos uma diversidade de comunidades morais, com diferentes doutrinas, valores e princípios morais capazes de fornecer uma ori-
The purpose of this article is to reflect on the pertinence and moral legitimacy of basing the allocation of public resources for health on the age variable,